Pro meu ex, honestamente

25 de outubro de 2016

Eu costumo pensar que os primeiros dias são os mais difíceis, e realmente são. É o período em que tudo que é nocivo vem a tona e toda mágoa logo toma conta, a hora em que eu penso em todas as besteiras que você fez e das mil vezes que partiu meu coração e eu ainda sim fui capaz de perdoar você. 

Porém, é minha vez de pedir perdão, então lá vai: me desculpe por todas as brigas em que você estava errado e ainda assim eu te deixei ficar por cima, me desculpe por todas as vezes que você me insultou e eu fiz de conta que não ouvi, me desculpe por todas as vezes em que você pensou que um problema não tinha solução e eu te ajudei, me desculpe por ter me importado mais com seus sentimentos que com os meus; só que acima de tudo, me desculpe por não ter me amado. 

Sim, exatamente isso. Peço desculpas por não ter me amado e não ter reconhecido a mulher foda que você tinha nas mãos. A garota de quem você sempre duvidou do potencial e sempre menosprezou e, por mil vezes, falou que não conseguiria te deixar. 

Acho que agora as coisas são diferentes, pelo menos pra mim. Lembro das madrugadas em que você me ligava e tudo ficava bem. Agora você me liga com essa mesma intenção, mas algo em mim já não se sente mais da mesma forma. 

Você poderia aparecer com o buquê mais caro da floricultura mais chique na cidade que ainda sim nada ficaria bem de novo. Como você mesmo diria, o problema sou sempre eu. Eu que faço birras demais, eu que reclamo demais e eu que nunca sei a hora de parar de ser irritante. Só que eu descobri, amor, que eu não sou todas essas coisas ai. O problema mesmo era nós dois juntos, a gente não combinava. Era como usar biquíni no polo sul: simplesmente não dá. 

O problema éramos nós forçando uma coisa que nunca deveria ter sido, uma coisa que só funcionava a cada 5 minutos de 24 horas. O problema estava em achar que podíamos ser um casal. 

Não eu. Eu jamais poderia ser o problema. Porque assim como você não me suportava, eu não aguentava você. Sempre achava que estava perdendo de conhecer algo melhor, mas você jurava me amar. Então eu acreditei. Acreditei cegamente que você poderia ser bom pra mim. E está justamente ai o meu problema, minha inocência infantil e meu otimismo falho. Em minha defesa, eu era jovem; mas a que fator você vai culpar a sua falta de caráter? 

O ponto é que você me traiu e também traiu minha confiança. Não só me traiu, como também me fez trair a mim mesma. E se eu não podia confiar em mim, em que mais confiaria? Decidi te seguir: você mentiu, você humilhou, você usou. Você foi todas as coisas que disse que não seria. 1x0 pra intuição da minha mãe. 

Agora eu estou aqui, deitada em minha cama, no sossego do meu quarto e com a mente focada no futuro. As vezes penso no quanto de coragem eu precisei ter pra deixar você, porque é muito difícil nos livrarmos do que nos faz mal e nos puxa pra baixo. É complemente humano escolher o que é pior pra si mesmo. 

E como já é de costume sempre te pedir desculpas, sinto muito se alguma dessas verdades te afetou. 

Termino dizendo que não. Não importa quantas vezes você ligue, eu não vou atender o telefone dessa vez. E não é porque te odeio e desejo seu mau, pelo contrário. Quero que você tenha uma vida maravilhosa, só que eu escolho estar fora dela.

Rafaela Faria